O puerpério, ou período pós-parto, começa logo após a dequitação (saída da placenta) e se estende até seis semanas depois do parto. Essa definição é baseada no tempo em que diversos órgãos maternos demoram para voltar ao estado pré-gravidez. Contudo, como nem todos os sistemas retornam ao estado pré-gravídico até o final da sexta semana, alguns estudos prorrogam o puerpério para até 12 meses após o parto. Vale ressaltar que as mamas são uma exceção, pois atingem seu grau máximo de desenvolvimento no puerpério e nunca mais retornam ao estado pré-gravidez. Há algumas formas de classificar as fases do puerpério. Normalmente, ele é dividido em quatro períodos:
- Puerpério imediato: do nascimento até duas horas após o parto;
- Puerpério mediato: do início da terceira hora até o 10º dia após o parto;
- Puerpério tardio: do 11º dia após o parto até o retorno das menstruações, ou até a 6ª ou 8ª semanas nas lactantes;
- Puerpério remoto: de 6 a 8 semanas após o parto até 12 meses do nascimento.
Alterações físicas e emocionais na mulher durante o puerpério
- Involução do úteroImediatamente após a saída da placenta, o útero inicia seu processo de involução. Essa contração uterina, que pode ser incômoda e causar cólicas, é de extrema importância, pois diminui o fluxo de sangue, prevenindo a hemorragia pós-parto. Iniciada a involução, o fundo do útero geralmente fica na altura do umbigo em 24 horas, voltando ao seu tamanho normal cerca de 6 a 8 semanas após o parto.
- Cicatrização da ferida placentáriaA cicatrização da ferida da placenta dentro do útero dura aproximadamente quatro semanas e, durante esse período, é comum a saída de uma secreção vaginal (loquiação) de cor inicialmente vermelha (lochia rubra). Essa secreção vai mudando de aparência durante o processo de cicatrização, sendo de cor acastanhada após três ou quatro dias (lochia fusca), tornando-se amarelada a partir do décimo dia (lochia flava) e, no fim, torna-se esbranquiçada (lochia alba).
- Colo do úteroLogo após o parto normal, o colo do útero encontra-se dilatado e amolecido. Essa dilatação regride lentamente, permanecendo entre 2 cm a 3 cm nos primeiros dias após o parto e menor de 1 cm com uma semana de puerpério. O reparo total do colo costuma ocorrer entre 6 e 12 semanas após o parto.
- Parede abdominalNo período pós-parto, a musculatura da barriga encontra-se frouxa, mas ela readquire seu tônus normal, na maioria dos casos, em algumas semanas. Pode haver, no entanto, a persistência da diástase (separação) do músculo reto abdominal em algumas mulheres, sendo necessário, nesses casos, a realização de exercícios físicos, fisioterapia e até cirurgia.
- Perda de pesoUma das alterações mais bem-vindas para a maioria das mulheres no puerpério é a perda do peso adquirido durante a gestação! Mas é importante lembrar que somente 28% das mulheres retornam ao peso inicial durante as seis primeiras semanas do puerpério. Na grande maioria dos casos, o que se observa é a perda imediata de 4,5kg a 6kg – atribuída ao bebê, placenta e líquido amniótico – e o restante em cerca de 6 semanas a 6 meses após o parto.
- MamasNos últimos meses de gravidez ou até 2 a5 dias após o parto, surge o colostro. Ele é o precursor do leite materno, uma secreção transparente ou amarelada, rica em proteínas, vitaminas e células de defesa. O leite materno maduro irá aparecer em aproximadamente 72 horas após o parto e a descida do leite, ou apojadura normalmente faz com que as mamas fiquem ingurgitadas e até doloridas. A produção do leite depende da sucção do bebê e, por isso, é recomendada a amamentação sob livre demanda. A amamentação exclusiva é recomendada para todos os recém-nascidos nos seis primeiros meses de vida, mas o aleitamento materno, de forma parcial, continua a trazer benefícios ao bebê após esse período.
- Alterações emocionaisInfelizmente, muitas mulheres, após o parto, apresentam alterações de humor de curta ou longa duração.O blues puerperal é uma situação transitória que leva a uma alteração leve e rápida do comportamento, seguida de tristeza, irritabilidade, ansiedade, diminuição da concentração, insônia e choro fácil. Cerca de 40 a 80% das mulheres pode desenvolver essas alterações após dois ou três dias do parto, acentuando-se os sintomas no 5º dia de vida do bebê e desaparecendo depois de duas semanas. Muitas vezes, essas alterações são confundidas com o cansaço natural do pós-parto e com a mudança no estilo de vida da mulher e não é realizado o diagnóstico adequado.A depressão pós-parto, por sua vez, é menos frequente (aparece em menos de 20% das mulheres) e, em geral, seus sintomas costumam se manifestar em até 30 dias do nascimento do bebê, sendo os mais frequentes a alteração do sono, da energia, do apetite, do peso e da libido. Podem também aparecer sintomas de ansiedade extrema, irritabilidade, raiva, sentimentos de culpa e incapacidade de cuidar do recém-nascido.